sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Duas Lideranças Comentam a Vitória de Obama

Dois bons comentários em cima da vitória de Barack Obama. Ambos ressaltam os aspectos positivos das eleições Norte Americanas, aproveitando para comentar a futura sucessão brasileira em 2010.



Trajetória da Esperança

Fernando Gabeira para Folha de São Paulo

RIO DE JANEIRO - A vitória de Obama é um manancial de interpretações. Muitos podem mergulhar nele e sair com sua verdade. Nos EUA, tudo é possível, dirão alguns maravilhados com a democracia norte-americana. Pela primeira vez um negro chega à Casa Branca, dirão os interessados em acompanhar a trajetória da luta racial.

Os mais modernos vão atribuir um grande peso à internet. Obama e sua equipe usaram o instrumento de forma competente. Mas é interessante observar alguns pontos: o simples fato de ser negro não define em si a vitória de Obama. Outros negros tentaram. A internet entregue a si mesma não faz nada; o domínio do instrumento não substitui a força do conteúdo.

Estou convencido de que a análise política de Obama foi um fator decisivo. Ele concluiu que um tempo estava se acabando, que as querelas dos anos 60 chegavam ao esgotamento. Viu o país dividido entre republicanos e democratas, assim como outros pequenos impasses que o debate nacional estimulava. Resolveu construir pontes.

Esta decisão, para mim, foi sábia. De que adiantam debates estéreis, em que se volta para casa com uma sensação de superioridade moral, mas nenhum avanço prático?

Uma realidade importante até para o Brasil: embora existam dois fortes partidos disputando o poder, grande parte da população não se identifica integralmente com eles. Nos EUA, são os independentes. O candidato fala para os independentes. É capaz de mobilizá-los? Entre eles estão 40 milhões de jovens, ávidos por proposta de esperança.

Ao longo de dois anos de campanha, foi possível colocar o país de pé, esperando, com orgulho, horas numa fila de votação.

No Brasil, com nossos métodos modernos, podemos suprimir as filas. Mas estamos em condições de injetar esperança menos de uma década depois da eleição de Lula?

3 comentários:

Mara Chuairi disse...

Só vejo o texto do Gabeira, qual seria o outro?

Anônimo disse...

O outro é o Roberto Freire!!!

Anônimo disse...

Sem dúvida o resultado das eleições americanas é um divisor de águas, evidência o poder das redes tecnológicas e a capacidade, das pessoas que as integram, de mobilizar e transformar o Statu Quo.