terça-feira, 4 de novembro de 2008

Ah os Territórios!

Com a publicação dos índices de abstenção na maioria das cidades que foram ao segundo turno pelo Ex Blog do Prefeito César Maia, cai um primeiro mito construído pela mídia logo após os resultados das eleições aqui na Cidade do Rio de Janeiro.

Segundo Turno
Eleitorado / Abstenção / (% abstenção)

Belo Horizonte (MG) - 1.457.208 / 315.019 (21,6%)
São Luís (MA) - 636.914 / 135.555 (21,2%)
Anápolis (GO) - 217.127/ 45.994 (21,1%)
Rio de Janeiro (RJ) - 4.579.365 / 927.250 (20,2%)
Salvador (BA) - 1.747.278 / 344.805 (19,7%)
Belém (PA) - 961.232 / 188.849 (19,6%)
Cuiabá (MT) - 368.188 / 69.710 (18,9%)
Santo André (SP) - 533.428 / 100.338 (18,8%)
Petrópolis (RJ) - 231.821 / 43.270 (18,6%)
Bauru (SP) - 233.653 / 43.051 (18,4%)
São José do Rio Preto (SP) - 276.943 / 49.753 (17,9%)
Campos (RJ) - 322.839 / 57.521 (17,8%)
Florianópolis (SC) - 301.967 / 53.914 (17,8%)
Porto Alegre (RS) - 1.038.885 / 184.747 (17,7%)
São Paulo (SP) - 8.198.282 / 1.438.355 (17,5%)
Pelotas (RS) - 243.216 / 42.737 (17,5%)
Londrina (PR) - 341.908 / 58.236 (17,0%)
São Bernardo do Campo (SP) - 539.584 / 90.785 (16,8%)

Claro que a abstenção tem muito mais relação com o problema do voto obrigatório em nossa legislação do que na “genialidade” do Governador do Estado do Rio de Janeiro, antecipando o feriado.

Voltamos assim ao outro e provavelmente maior motivo da derrota de Fernando Gabeira no pleito de 26 de outubro; o poder dos Territórios. Acho que somente aqui neste Blog do velhinho o assunto vem sendo levantado. A mídia nacional tem pavor de considerar qualquer hipótese não provada que não seja de sua lavra.

Chegaremos lá: não é tão difícil levantar quais as seções eleitorais que se localizam nas áreas dominadas pelo tráfico e pelas milícias. Acredito que a Prefeitura tenha estes dados.
Depois a tarefa de comparação dos resultados nessas urnas será tão fácil como saber o Bicho que deu.

Tenham a certeza que foi nessas seções eleitorais que a diferença contra Gabeira se consolidou. Durante a campanha pude verificar, através de vários pequenos eventos que a Onda avançava por toda a cidade, batendo e voltando nos intransponíveis quebra-mares dos Territórios.

5 comentários:

Anônimo disse...

Raulino,
Sua tese sobre os territórios é instigante e merece ser testada.
Creio que um levantamento junto ao TRE ai do Rio, pode facilmente localizar as urnas e os seus respectivos resultados com a maior presteza.Isso pode ser feito pela própria página do Tribunal na Internet.
Estarei aguardando noticias.
abraços
Roberto Freire

Gilvan Cavalcanti de Melo disse...

Raulino,
Parece-me que sua tese sobre os "territórios" é suficientemente comprovável pela soma dos votos de três familias ligadas aos "milicianos":Carminha Jerominho(PT do B), Babul(PT) e Brazão, além de Girão. E os votos dos candidatos ligados ao tráfico? A lista é grande.
Pela votação na relação das Zonas Eleitorais do TRE, publicada pelo O Globo,fica claro a divisão territorial entre o tráfico e a milicia.
Abraços
Gilvan

Rafasoli disse...

A denuncia desses dados tem q ser feita por uma animação disponibilizada no utube.

Mas mais importante q isso é saber q vamos invadir esses territórios com os tanques de guerra digitais, chamados SMS e lans Houses.

Tomaremos esses territórios com as armas q desarmam.

bjs

Eduardo disse...

Velhinho,
acho que a abstenção tem sua parcela de culpa sim. É mais complicado mensurar isso do que comprovar suas afirmações quanto aos territórios. No caso do feriado existe um componente de despolitização. Indiferença e a simples desconfiança contra os políticos que o feriado acabou reforçando. A candidatura do Eduardo Paes não queria reverter o quadro e a do Gabeira não conseguiu (apesar de ter mobilizado até quem estava quieto em casa do outro lado da Baía). A aposta da candidatura do Eduardo Paes foi mais despolitizante e se beneficiou tanto da abstenção quanto dos territórios. Acho que os últimos contribuíram mais para o resultado. Prova disso é que em Rio das Pedras, onde ambos os candidatos estiveram no mesmo dia, o locutor do carro de som do Paes saudava a liderança da milícia local (não lembro o nome do cara).A receptividade do Eduardo Paes aos irmãos Babu, prova viva das ligações complicadas do PT com "setores populares" também indicava onde a coisa ia realmente pegar. Tanto é que nesses locais a abstenção foi menor. E com o cabresto e a compra de votos a abstenção tende a cair mesmo. O grave em minha opinião é que, muito embora demonstre combatividade contra milícias e traficantes, essa combatividade é dosada ao ponto de beneficiar claramente os primeiros em detrimento dos últimos. No passado a leniência do poder público frente ao tráfico nas comunidades ajudou o crescimento da liderança brizolista. Será que nosso jovem e impetuoso governador quer repetir a fórmula? Depois fica difícil explicar a fuga do Batman de Bangu 8. O fato é que a política de segurança pública não existe, mas as ações do governo do estado apontam para tirar máximo proveito da substituição do tráfico pelas milícias e as eleições no Rio demonstram isso. Como lembrou bem o Gilvan é só dar uma olhada na votação que essa turma teve. Para 2010 podemos nos deparar com o tema da segurança pública moldado por outros componentes e um desses componentes será sem dúvida o reforço dos territórios das milícias e na eleição a uma presença mais significativa de “grandes eleitores” nas chapas proporcionais. Misturinha complicada.
Abraço Eduardo

Mara Chuairi disse...

Acho que onde o povo votou submetido aos bandidos ou à milícia a diferença a favor do Eduardo Paes é muito maior que os tais 55 mil votos.
Concordo que uma questão tão gave não pode ser resolvida com "eu acho".
Quem tem os dados, ou pode orientar como obtê-los?
O resultado por seção / urna se consegue com o TRE, mas quem sabe quais delas está submetida?