terça-feira, 16 de dezembro de 2008

A Vida dos Outros e a ABIN.

Não assisti ao filme “A vida dos Outros”, (Das Leben der Anderen), escrito e dirigido pelo cineasta Florian Henckel von Donnersmarck, quando passou no circuito aqui no Rio de Janeiro. Tive a oportunidade de vê-lo na última sexta feira, através do cabo no canal da HBO.

Um filme decisivo, muito bem conduzido, com estética impactante fazendo um relato profundo do regime autoritário da Alemanha Oriental entre os anos de 1984 até quatro anos após a queda do Muro de Berlim. Música de fundo, a sonata 23 Apassionata de Beethoven, tema musical tão caro ao líder máximo da experiência socialista, Vladimir Ulianov Lênin.

Emocionante a curta cena de um jornal berlinense informando a eleição de Gorbachev na URSS caído no banco do carro de um policial da Stazi, exatamente no momento em que a protagonista do filme se suicida em frente aos seus algozes e de seu amante. Equivale a um grande grito de como foi importante aquele dirigente do chamado Socialismo Real para encerrar tão triste e trágica experiência para muitos milhões de pessoas.

Logo depois o desfecho do filme com os burocratas da tortura e da morte tentando dialogar com os perseguidos do falido regime, como se assim pudessem resgatar alguma humanidade. E culminando com imagem sombria de um policial especialista em crise, transformado num simples carteiro na nova Alemanha.

Todas as barbaridades cometidas em nome de uma nova sociedade e de novos valores de um mundo coletivo que traria o fim da iniqüidade. Os valores de uma Ideologia impostos sem qualquer responsabilidade com a Democracia e a coisa pública.

Emocionado com o que acabava de assistir, me lembrei dos acontecimentos rocanbolescos patrocinados pela Polícia Federal e a ABIN nos últimos meses aqui em nosso país. Policiais, juízes e Chefes das instituições envolvidos com escutas ilegais e uso do aparelho de Estado para investigar ilegalmente, tudo com silenciosa conivência do Palácio do Planalto e seu Comitê Central. Para esta gente, necessários movimentos de investigação para defender um projeto de esquerda contra o Neoliberalismo da direita em nosso Brasil. Muito provavelmente para calar a corrupção da qual foram partícipes vários membros do atual Comitê Central.

O pior de tudo é verificarmos como alguns setores das camadas médias brasileiras, porque têm pavor da corrupção inerente ao Capital, se deixam levar pela mídia e abraçam as atitudes destes pífios profissionais da tortura e da espionagem. Pra completar, recebendo aval do PSOL.

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