domingo, 29 de agosto de 2010

Uma Corrida Pós Moderna

Quem ganha esta corrida aqui na terrinha de Santa Cruz? O estatismo centralizador constituído por Lula e seus parceiros, quase do tipo “Brasil Grande” ou a Revolução Tecnológica e Científica?
Na extinta União Soviética foi o Personal Computer, ironicamente denominado de PC, que acelerou o fim do Grande Partido Comunista – também chamado de PCUS. Ficou célebre a frase de Gorbachov diante das fragilidades tecnológicas do parque industrial soviético, logo depois de ganhar um IBM-PC: “Vamos perder todas as corridas e todas as guerras”.
Muito difícil perceber a força da Revolução e diversas de suas manifestações. Mais ainda para as Instituições existentes com seus valores de perenidade. Esta Revolução é muito mais rápida do que qualquer outro evento social e Histórico vivido pela humanidade.
O mais interessante é que dado ao caráter de mídia de diversas manifestações da Revolução, ela faz com que milhões de pessoas rapidamente passem a ser usuárias das novas tecnologias e seus dispositivos colocados na Internet. Assim surgem as redes sociais levando milhões a novas formas de relacionamento, entretenimento e até de projetos empresariais.
A maioria não sabe que as redes propiciadas pelas novas tecnologias são redes distribuídas, portanto sem a centralidade, diferentes, portanto de todas as formas de organização constituídas na sociedade atual que caracterizam sua existência por sistemas de comando e controle. As redes distribuídas não têm CENTRO!

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

As Inquestionáveis Pesquisas

Um dos consagrados tabus da Política brasileira é de que não se pode brigar com pesquisas, mesmo tendo se evidenciado casos de manipulação durante diversos processos eleitorais, desde 1982 com a célebre manobra da PróConsult. Aqui valem exemplos nacionais e regionais.
Tenho sistematicamente solicitado ao Datafolha que me disponibilizem os nomes dos Municípios para que se possa ter uma melhor avaliação da ponderabilidade das Pesquisas para a Presidência da República. As respostas, sempre muito delicadas e imediatas, são de que providenciarão, ou de que os dados estão na versão completa em pdf que se encontra no site para download, etc. Resumo da opereta: pesquisas muito bem explicadas por diversos perfis de natureza demográfica envolvendo o mistério da concentração populacional.
Está havendo inclusive um movimento de ampliação muito significativo: de 171 para 385 Municípios entre os dados das pesquisas de 20 de agosto e de 27 de agosto. Quando eram 171, o Universo era de 2700 entrevistas, agora com 385 o total de entrevistas está acima de 10.000.
Estive com uma pesquisa nas mãos do IBOPE com 2506 entrevistas aplicadas em 173 Municípios. Tenho a relação de todos os Municípios. Fazendo uma análise somente nos Municípios do Rio de Janeiro que conheço relativamente bem, a distorção é bastante significativa. Ao ponto de Comendador Gasparian com 6478 eleitores ter o mesmo número de entrevistas que Nova Iguaçu e São Gonçalo e o dobro de entrevistas aplicadas em Duque de Caxias. Acredito que tais deformações tenham se repetido nos demais Estados.
Valeria dar uma mexida neste mafuá ou seríamos acusados de conspiradores bolorentos e cheios de mofo?

Um bom Artigo de Roberto Freire

Não ao "dedazo" de Lula

Roberto Freire/Folha de S.Paulo
Em 25/08/2010

Lula optou por uma auxiliar direta, sem projeto político ou experiência eleitoral, mas capaz de cumprir à risca suas determinações: Dilma Rousseff

Nas eleições de 1970, em pleno "milagre econômico", o partido do regime militar teve uma vitória arrasadora. Os eleitores votaram maciçamente na antiga Arena e por muito pouco o MDB, o partido de oposição criado por imposição da ditadura, não se autodissolveu. Estava em curso um projeto de "mexicanização" do país.
Na terra de Zapata e Pancho Villa, um "dedazo" do presidente da República indicava o candidato oficial e este era eleito por esmagadora maioria. E assim o Partido Revolucionário Institucional (PRI) se mantinha no poder, graças ao clientelismo, à corrupção e ao aparelhamento do Estado.
Com as devidas ressalvas, quatro décadas depois, estamos diante de situação semelhante. Um "dedazo" do presidente Lula, amparado por seus índices de popularidade e pelo prestígio popular de seu governo, ameaça transformar o maior patrimônio político da nação -o voto direto, secreto e universal- em mero ritual de legitimação da sucessão presidencial.
Sim, porque há dois anos o presidente da República abusa de todos os meios à sua disposição e de todas as pessoas sob sua influência para fazer o seu sucessor. Lula não escolheu nenhum líder petista calejado nas lutas políticas, como os petistas José Dirceu ou Antônio Palocci, que foram expelidos de seu governo por motivos éticos.
Muito menos um aliado, como o ex-ministro da Integração Nacional Ciro Gomes, cuja legenda lhe foi negada pelo PSB a pedido do próprio presidente da República. Optou por uma auxiliar direta, sem projeto político próprio ou experiência eleitoral, mas capaz de cumprir à risca suas determinações: a ex-ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Ex-militante da VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária - Palmares), Dilma nunca disputou uma eleição para chegar ao Executivo, jamais exerceu um mandato eletivo no Legislativo.
Chegou ao Palácio do Planalto por integrar a tecnoburocracia petista, na qual se destacou por coordenar com mão de ferro a equipe ministerial. Revelou-se o nome mais adequado para comandar um modelo de governo verticalizado, centralizador e dirigista-estatal.
Encarna um projeto de poder de longo prazo, alavancado pelo aparelhamento do Estado brasileiro, pela adoção de políticas sociais assistencialistas, por práticas eleitorais de clientela e alianças com velhas oligarquias.
No governo Lula, Dilma foi uma das responsáveis pela adoção de um novo tipo de intervenção do Estado na economia, graças a um pacto perverso entre o governo, com suas empresas públicas e fundos de pensão, e as grandes empreiteiras, grandes grupos exportadores e alguns bancos privados.
O risco de "mexicanização" do país tem nessa conexão entre o setor público e o grande capital monopolista sua mola-mestra, daí a origem da campanha eleitoral milionária do PT. Mas isso não para por aí. A aliança entre o PT e o PMDB, partido que controla o Congresso Nacional, é uma simbiose entre o aparelhamento do Estado e o clientelismo político, cuja inédita capilaridade alcança todos os municípios do brasileiros. É outra semelhança com o velho PRI.
O PT manipula os sindicatos, enquanto o PMDB controla a velha política municipal. Como enfrentar, então, essa ameaça?
Para enfrentar os problemas do câmbio do país, temos que desatrelar o governo dos bancos, das empreiteiras e dos oligopólios. A única maneira de evitar a "mexicanização" é a alternância de poder, ou seja, a eleição de um oposicionista para a Presidência da República.
No meu caso, apoio José Serra, um político capaz de barrar uma estratégia do presidente Lula para manter o PT no poder central pelas próximas décadas.

Roberto Freire, advogado, é presidente do PPS (Partido Popular Socialista e candidato a deputado federal por São Paulo. Foi deputado federal e senador pelo PPS-PE.